Ó mar salgado, quanto do teu sal
São lágrimas de Portugal!
Por te cruzarmos, quantas mães choraram,
Quantos filhos em vão rezaram!
Quantas noivas ficaram por casar
Para que fosses nosso, ó mar!
Valeu a pena? Tudo vale a pena
Se a alma não é pequena.
Quem quer passar além do Bojador
Tem que passar além da dor.
Deus ao mar o perigo e o abismo deu,
Mas nele é que espelhou o céu.
Fernando Pessoa, Mensagen (Porto: Estante Editora, 2010), 76.
![](/system/posts/pictures/000/000/672/medium/PXL_20220717_132022237_3.jpg?1658065723)
![](/system/authors/avatars/000/000/009/thumb/fernandopessoa.jpg?1550525628)